quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Mudanças no Sistema de Contabilidade Gerencial: evidências dos estudos de campo

Continuando a temporada de artigos de outros países, hoje apresentaremos o resumo do estudo realizado por Laura Zoni, Andrea Dossi e Marco Morelli, estudantes da Universidade de Hong Kong e da Universidade Nacional de Taiwan.



Resumo:

Este artigo discute criticamente sobre as escritas das literaturas  tradicionais relacionadas ao sistema de contabilidade gerencial que deveria ser alinhadas as mudanças no contexto estratégico organizacional. O modelo contingencial e teorias institucionais, os papéis de rascunho desenham um quadro pragmático com chaves que identificam frases e características da mudança no processo da contabilidade gerencial destacado na natureza organizacional. Usando este modelo, o  artigo realizou quatro estudos de caso nas empresas denominadas A, B, C e a Alpha hospital para mostrar a implementação das mudanças realizadas na contabilidade gerencial. O estudo de campo mostrou as dificuldades da mudança no sistema contábil apesar de formalmente existir o reconhecimento da necessidade de mudança.  Os achados destacam que a necessidade de mudança, a viabilidade técnica para alterar e as metodologias contemporâneas são, sozinhas, razões insuficientes para realizar a mudança. O estudo identificou a necessidade de um número de elementos que interajam no processo de mudança, ou seja, o uso pretendido do sistema de contabilidade gerencial, o estágio do ciclo de vida da empresa, o impacto potencial de mudança na organização, bem como o papel dos indivíduos-chave na ligação entre as fases do processo de mudança.
Na introdução, segundo os autores, a mudança no sistema gerencial, tornou-se um tema muito discutido entre a academia e os praticantes nos últimos 15 anos, apontando  duas razões principais  para essa discussão.
Em primeiro lugar, a recente introdução na contabilidade gerencial contemporânea dos métodos do balance scorecards e as técnicas dos custos gerenciais que levou os participantes a questionarem essas opções, e os estudos acadêmicos das inovações dentro das organizações. 
Como segunda consequência, foi apontada a desaceleração geral da economia, que tem feito com que os diretores financeiros e os gestores busquem aperfeiçoar e preservar  o sistema de contabilidade gerencial com o intuito de melhorar o desempenho financeiro. Para os acadêmicos, esta tem sido a ocasião para que revejam de forma mais geral o sistema de contabilidade gerencial e sua adaptação ao longo do tempo, questionando as prescrições emergenciais gerais bem como mudando as teorias institucionais.
 Dentro deste contexto geral  o estudo seguiu a vertente de coletar dados através de quatro  estudos de casos para analisar diferentes processo de mudanças e qual o resultado obtido. O estudo descreve o sistema de contabilidade gerencial em quatro quatro empresas diferentes para responder as perguntas chaves recorrentes a mudança no sistema de contabilidade gerencial, As perguntas são: quando a mudança é bem-sucedida, o que desencadeia a mudança, como as necessidades de mudança são transformadas em ações reais, como a mudança é dirigido por meio de projetos, como a mudança é implementada de forma eficiente, e, em que medida a mudança ficou  institucionalizada.
Foram traçados três objetivos do estudo que foram:
O primeiro objetivo foi reunir provas, descrevendo e documentando as mudanças no sistema de contabilidade gerencial.
O segundo objetivo foi integrar as contribuições acadêmicas anteriores com fases-chave pragmaticamente identificados no processo de mudança na contabilidade gerencial das empresas, elaborando assim, um quadro de mudança do sistema de contabilidade gerencial.
O terceiro objetivo foi tirar conclusões a partir das observações para explicar por que a mudança não pode ser realizada  se há uma necessidade de mudança, há capacidade técnica e existe viabilidade para implementar a mudança.  Ao fazê-lo, os autores identificaram também caminhos para novas pesquisas.

As conclusões do estudo:

Os autores do estudo chegaram a quatro conclusões, após a realização das pesquisas nas empresas que foram a amostra da pesquisa.
A primeira conclusão que tiraram do estudo foi  sobre o papel do conhecimento técnico da contabilidade gerencial e o projeto racional no processo de mudança do sistema de contabilidade gerencial. O conhecimento técnico ou o projeto racional do sistema de contabilidade gerencial não implicaria mudança na gestão contábil. Em vez disso, os autores ressaltam  que o estudo de caso mais bem sucedido seguiu atendendo as modificações do sistema de contabilidade gerencial – com o controle e  alocação de custos e  a definição de metas de custos. A partir de estudos anteriores, como Henri (2006) e Simons (2010), no entanto, aprenderam quais as variáveis qualificam a eficácia do projeto do sistema de contabilidade gerencial. Por isso, acreditam que muito mais atenção deve ser dada ao estudo do uso do sistema de contabilidade gerencial, bem como a forma como as alterações do sistema de contabilidade gerencial  poderia ser conduzido. Acreditam que essa busca são apoiadas pela Dossi et al. (2010), Malmi e Brown (2008), do comerciante e Otley (2007), e Abernethy Brownell (1999), e Simons (1995).
A segunda conclusão refere-se a separação entre mudança revolucionária e evolutiva (Burns e Scapens 2000) e para a crença geral de que a mudança evolutiva é mais "bem-sucedida" do que a mudança revolucionária (Johansson e Siverbo (2009). Embora a mudança revolucionária envolva uma ruptura fundamental nas rotinas e instituições existentes, a mudança evolutiva é incremental, com apenas pequenas interrupções nas rotinas e instituições existentes. Esta classificação baseia-se no impacto potencial da mudança, em vez de seu conteúdo real observaram dois casos de mudança revolucionária - nas empresas A e B - e dois casos de mudança evolutiva – empresas C e Alpha hospitalar, no entanto, nas evidências coletadas  revolucionário / evolutiva não é necessariamente preditivo de como a mudança bem-sucedida será, mudança revolucionária e mudança evolutiva podem ser igualmente bem ou mal sucedidas conforme nossos estudos, que são apoiados pelo trabalho de Grainer (1998), que afirma que a mudança não é linear e que progride através de evoluções e revoluções.
A terceira conclusão refere-se à capacidade de organização e ou a necessidade de mudança em relação ao ciclo de vida da empresa. Os impactos do ciclo de vida do sistema de contabilidade gerencial, como descrito Macintosh, (1994), Davila e Foster (2007), e Moores e Yuen (2001), são geralmente convincente. Particularmente, Moores e Yuen (2001) afirmam que as organizações desenvolvem em toda as fases do ciclo de vida,  da concepção e utilização eficaz dos sistema de contabilidade gerencial  fazendo parte dos processos de adaptação. Com níveis crescentes de complexidade administrativa, as empresas tendem a aumentar os seus esforços no processamento de informações em toda as fases do ciclo de vida. Especificamente, as empresas expandem o uso de sistemas de inteligência que fornecem mecanismos para a análise do ambiente, controle eficaz e comunicação (Miller e Friesen 1983). Os estudos de casos realizados pelos autores coincidiram com os quatro primeiros estágios de um ciclo de vida: a empresa B está em fase de nascimento, a fase de crescimento é mais consistente com a companhia de um caso, Alpha hospitalar mostra características de uma fase de maturidade, enquanto a empresa C parece mais de um caso de renascimento. A adoção de uma perspectiva de ciclo de vida permitiu apreciar como a atitude organizacional para a mudança varia durante o ciclo de vida: as empresas mais jovens e menores – no estudo de caso representado pela empresa B - são mais propensas a mudar, as empresas mais velhas e  maiores – como a empresa C tem necessidade de mudar para sobreviver e crescer  já as empresas maduras – como as empresas A e Alpha hospitalares - adotam a mudança, eventualmente, mas para mudar escolhem seguir caminhos alternativos. Na sequência de uma teoria evolucionista, parece que existe um tempo "ideal" para mudar. Além disso, parece-nos que a importância relativa de cada fase do processo de mudança na contabilidade gerencial é diferenciada tendo como base o estágio do ciclo de vida.  Os autores destacam que os resultados do estudo são muito limitados para definir expressamente que fase do ciclo de vida é mais relevante para mudança. No entanto os autores apontam que essa limitação no estudo pode ser um caminho promissor para pesquisas e estudos futuros.
Em quarto lugar, o resultado do processo de contabilidade gerencial não está separado do papel dos indivíduos-chave. Lorange (1993), enquanto que cerca de discutir o processo de controle, indica que o sucesso do processo depende fortemente como as fases do processo estão ligadas. A ligação acontece por meio de: (a) as pessoas-chave, (b) o conteúdo, e (c) tempo rigoroso e sequenciamento. Na empresa C, observaram pessoas-chave - "Finanças Pessoas" - assegurar que a ligação estava lá entre as fases até o "Alvo gerencial”  onde  15% de redução de custos foi realizado. Um papel semelhante foi feito na empresa B e Alpha hospital, respectivamente, por especialistas de TI externos, e pelo farmacêutico clínico. O indivíduo chave no comando das fases de ligação não é, contudo, necessariamente o diretor financeiro ou  um especialista financeiro. Com base nisso os autores se questionam qual o papel que pode ser previsto para o diretor financeiro no processo de mudança do sistema de contabilidade gerencial. Usando a classificação de Johansson e Siverbo (2009), observou-se que o diretor financeiro tinha retenção, gerando variações, e a a seleção das regras para as práticas de contabilidade gerencial.3 Observaram que o envolvimento do diretor financeiro  na gestão está de acordo com a definição de Zoni e Merchant (2007) que explica que o papel diretor financeiro no sistema de contabilidade gerencial  é o de alteração. Quando o diretor financeiro foi mais envolvidos na gestão – conforme o estudo realizado na empresa C - o diretor financeiro sugeria e implementava modificações ao sistema existente. Por outro lado, quando o diretor financeiro era menos envolvidos na gestão – como foi o caso das empresas A e B - o diretor financeiro estava  bastante focado no processo de retenção. Quando o Diretor financeiro  era independente da administração – como foi o caso da empresa Alpha hospitalar - o diretor financeiro  era  mais ativo no subprocesso de seleção.  Os autores informam não terem conhecimento de estudos que relacionam explicitamente o papel do diretor financeiro com as mudanças realizadas na contabilidade gerencial.

Referência:
ZONI, laura;DOSSI, Andrea e MORELI, Marco. Management Accounting system (MAS) chage: Field evidence. Asia-Pacfic Journal of Accounting & Economics. Vol 19, Nº 1, April 2012, 119-138. Disponível em <http//www.tandfonline.com>. Acesso em 17 de jan.2015.


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