Olá leitores, dando continuidade aos artigos premiados, hoje apresentaremos o seguinte artigo, premiado na Convenção dos Contabilistas de Pernambuco, o mesmo é de autoria da Professora Vera Lúcia, juntamente com os seus orientandos Rayssa Silva de Morais, Jéssica Maria da Silva Meirelles e Roberto de Lima Barbosa .
Normas
internacionais de Contabilidade no Brasil: uma Análise das Percepções dos Contadores
da cidade de João pessoa/PB
Área
Temática: Convergência Contábil - Desafios
RESUMO
O
processo de convergência das Normas Internacionais tem causado bastante
inquietação entre os profissionais e os usuários da Contabilidade. Considerando-se
este contexto de convergência contábil e de seus impactos no meio profissional,
surgiu a seguinte questão de pesquisa: qual
a percepção dos contadores, de João Pessoa/PB, em relação aos seus
conhecimentos no que concerne à adoção das Normas Internacionais?Para
respondê-lo, este trabalho teve como objetivo geral analisar as
percepções dos contadores, da cidade de João Pessoa/PB, sobre seus
conhecimentos às mudanças contábeis. E como objetivos específicos: Levantar o
perfil dos entrevistados e da empresa em que atuam; Identificar o nível de
importância que os mesmos atribuem às IFRS; Apurar o nível de conhecimento,
atualização e segurança deles em relação às IFRS; Verificar suas opiniões em
relação às consequências das IFRS. O estudo se configura como um replique de
estudo do artigo de Carvalho et al. (2012) intitulado “Normas
Internacionais de Contabilidade no Brasil: Uma Análise das Percepções dos
Auditores Independentes”. Para alcançar os objetivos desta pesquisa, foi
empreendido um plano de amostragem não probabilístico do tipo intencional
compreendendo 46 contadores. A coleta de dados deu-se através da aplicação do questionário.
Os dados coletados foram tratados com o auxílio do pacote estatístico Statistical
Package for Social Sciences(SPSS) renomeado para Predictive Analytics
Software (PASW) entre os anos de 2009 e 2010, utilizou-se a estatística descritiva.Pode-se
concluir que, entre os entrevistados, mais da metade sentem-se razoavelmente
atualizados referentes ao conhecimento sobre as alterações trazidas pelas
normas, mas não se sentem aptos a realizar a identificação da paridade em um
ativo, a tomar decisões referentes à taxa para ajuste a valor presente ou
decisões referentes à determinação da vida útil de imobilizados e intangíveis,
que são alterações mais comentadas e trazidas pela convergência. A maioria também
afirmou que tal acontecimento é de extrema importância no âmbito contábil. O
processo de convergência estimulou mais da metade a sua atualização dos
conhecimentos profissionais, é quase igual os que não se sentem estimulados ou
não sentiram motivação para o exercício da sua profissão. É unânime entre os
entrevistados os que declaram que houve/manteve-se igual a situação de conflito
entre empresários e os profissionais contábeis. Podem-se reforçar os mesmos não
se sentem em sua maioria apta quanto aos conhecimentos acerca do processo de convergência.
Quase todos (93,5%) consideraram que o processo promoverá uma maior valorização
da profissão, mas somente destes 34,8% acreditam que realmente ocorrerá esta
valorização. Pode-se então concluir que os profissionais percebem a importância
das Normas Internacionais, mas ainda há muitos obstáculos a enfrentar em
relação ao entendimento e aplicabilidade das mesmas, como uma maior instrução e
menor falta de informação dos contadores para elas.
1
INTRODUÇÃO
Com a aprovação da Lei nº 11.638/07 e na sequência a Lei nº 11.941/09,
várias mudanças no cenário contábil foram apresentadas, provocando a
necessidade de buscas constantes de informações e atualizações para atuar no
mercado que necessita de informações de qualidade e tempestivas para tomada de
decisões.
Segundo Iudícibus e Marion
(2002), o atual cenário de globalização, em que as empresas estão inseridas,
representa desafios e oportunidades de desenvolvimento tanto para o
conhecimento contábil quanto para os contadores, sendo a harmonização dos
princípios contábeis uma das tendências para a evolução da Contabilidade diante
dos mercados
internacionalizados.
Para
Carvalho e Leme (2002, p.43):
A dificuldade
que a Contabilidade tem em definir uma linguagem única de comunicação em nível
mundial acaba sendo um empecilho inicial às empresas que, por vezes, sentem-se
desestimuladas a recorrer a outros mercados, quando se deparam com as
dificuldades em apresentar suas demonstrações financeiras sob outras normas.
Este
embaraço causou a necessidade de uma convergência mundial das normas contábeis,
tendo como meta facilitar o acesso dos usuários a informação em nível mundial.
A partir disso, surge o conceito de harmonização contábil. Ponte, Oliveira e
Cavalcante (2010) abordam a harmonização contábil como um processo que possui
finalidade de tornar a linguagem contábil única e inteligível, o que
consequentemente reduz a assimetria informacional e os problemas de agência
entre os usuários das informações contábeis, além de permitir melhor comparabilidade
de informações contábeis e aumentar a transparência e qualidade destas
informações.
Desta
forma, a harmonização das Normas Internacionais de Contabilidade é o processo
de alteração das normas contábeis brasileiras, com a adoção gradativa dos padrões
emitidos pelo IASB (International
Accounting Standard Board), conhecidos como IFRS (International Finance Report Standard), que também estão sendo
adotados por mais de 100 países, incluindo os da Comunidade Européia.
Braga
e Almeida (2008) relatam que o processo de harmonização contábil brasileira aos
padrões internacionais teve início em 1990, com a criação pela Comissão de
Valores Mobiliários de três comissões de especialistas para revisar e propor
alterações nas Leis nº 6.385/1976, que dispõe sobre o mercado de valores
mobiliários e criou a CVM, e nº 6.404/1976, que dispõe sobre as Sociedades por
Ações.
Nesta
situação, ressalta-se o papel do profissional contábil, seja aquele que vai
produzir e manipular diretamente as informações, os contadores que vão
verificar se os registros foram efetuados em conformidade com as políticas
contábeis, bem como se as demonstrações financeiras deles decorrentes refletem
adequadamente a situação econômico-financeira do patrimônio, o reconhecimento,
a mensuração e a evidenciação nelas demonstradas. (FRANCO e MARRA, 2001).
Considerando-se
este contexto de convergência contábil e de seus impactos no meio profissional,
surgiu a seguinte questão de pesquisa: Qual
a percepção dos contadores, de João Pessoa/PB, em relação aos seus
conhecimentos no que concerne à adoção das Normas Internacionais?
Diante
do exposto e, sobretudo, da questão do problema, o presente artigo tem como
objetivo geral analisar as percepções dos contadores, da cidade de João
Pessoa/PB, sobre seus conhecimentos às mudanças contábeis.
E
como objetivos específicos:
·
Levantar o perfil dos entrevistados e da empresa
em que atuam;
· Identificar
o nível de importância que os mesmos atribuem às IFRS;
· Apurar
o nível de conhecimento, atualização e segurança deles em relação às IFRS;
· Verificar
suas opiniões em relação às consequências das IFRS.
2
REFERENCIAL TEÓRICO
2.1
A Adoção das Normas Internacionais de Contabilidade
Para existir uma evolução são necessárias
mudanças, o mesmo ocorre na Contabilidade, tendo a Convergência para as Normas
Internacionais sido considerada a maior evolução da ciência contábil dos
últimos anos. (Iudícibus et al.,
2010).
O IASB, utilizando como parâmetro as IAS (International Accounting Standards),
normas emitidas pelo IASC (International
Accounting Standards Committee), assumiu a responsabilidade e começou a
emitir as IFRS, que são as Normas Internacionais de Contabilidade no Brasil.
(ANTUNES J., ANTUNES G. M. B. e PENTEADO, 2007).
Barth, Landsman e Lang (2008) apud Rodrigues (2012, p. 19) explicam
que:
O IASB preocupou-se em criar padrões contábeis para possibilitar a
comparabilidade entre as demonstrações contábeis entre empresas nos mais
diversos países. Neste contexto, alguns países permitem ou exigem a utilização
dos IFRS/IAS em suas demonstrações contábeis, com finalidade de promover a
melhoria da qualidade das informações.
Essa preocupação é oportuna, porque processo de
globalização aumenta a necessidade de melhores comunicações entre as empresas e
os investidores, pois estes buscam investimentos pelo mundo todo, sendo uma das
formas para melhorar esse diálogo a uniformização das demonstrações contábeis.
(SOUZA, 2009).
No Brasil há vários órgãos reguladores (Comissão
de Valores Mobiliários (CVM), Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), o
Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (IBRACON), a Superintendência
de Seguros Privados (SUSEP), Banco Central do Brasil (BACEN)) que normatizam e
utilizam a contabilidade. Assim, a determinação para o estabelecimento da
conformidade das normas brasileiras com os padrões internacionais da Lei n°
11.638/07, afetou, consequentemente, os pronunciamentos desses órgãos
reguladores. (CARVALHO et al., 2012).
ANTUNES
et al. (2012, p. 6) fala que houve
entre os profissionais contábeis e os usuários da contabilidade muita
inquietação com essas mudanças, porém também diz que:
As mudanças
introduzidas buscam aprimorar a qualidade da informação contábil, tendo como
foco principal a sua utilidade para o usuário dessa informação; melhorias
visando aprimorar a compreensibilidade, a relevância, a confiabilidade e a
comparabilidade das informações divulgadas, que são as características
qualitativas da informação contábil e que as tornam úteis.
Por isso, “o esforço para a convergência
contábil tem sido um desafio de diversas economias para produzir informações
contábeis comparáveis e com alta qualidade, como é o caso do esforço da União
Europeia em utilizar os IFRS [...] desde 2005.” (RODRIGUES, 2012, p. 33).
Todavia, é importante mencionar que para
realizar um trabalho contábil superior não é somente necessária a adoção de
padrões contábeis internacionais. Como expõe Ball et al. (2000, 2003), Leuz et
al. (2003) e Burgstahler et al.
(2006) apud Lima (2010) ao explicar
que os países incentivadores para a divulgação de informações relevantes ao
mercado de capitais é que proporcionam uma real utilidade desses padrões. (BALL et
al., 2000, 2003; LEUZ et al.,
2003; BURGSTAHLER et al., 2006 apud LIMA, 2010).
2.2
Estudos sobre as Normas Internacionais de Contabilidade
Diversos trabalhos já
foram realizados sobre as IFRS com diferentes tipos de abordagens. Pode-se
elencar alguns para mostrar seus resultados.
Shimamoto e Reis
(2010) coletaram dados de 61 questionários respondidos por profissionais
contabilistas com a finalidade de analisar a ótica desses profissionais em
relação à convergência às normas internacionais. Perceberam que apesar da
maioria absoluta dos entrevistados saber sobre a existência da convergência, os
mesmos acreditam estar mais relacionado a questões formais do que a conceitos,
também apresentando resistência em promover as alterações conceituais, ou seja,
na essência das alterações.
Ambos os trabalhos de
Carvalho et al. (2012) e Lima et al. (2013) pesquisaram sobre as
percepções de auditores sobre o processo de
convergência. No caso do primeiro, analisaram em relação à percepção dos
auditores independentes sobre a atuação dos profissionais de contabilidade
perante as mudanças contábeis, já o segundo foi em relação à percepção dos auditores fiscais da Receita Federal
sobre a importância do processo de convergência da contabilidade brasileira aos
padrões internacionais. Como resultado, os dois
estudos verificaram que os auditores não estão aptos a analisar informações de
itens constantes nas Normas Internacionais, sendo necessária a atualização por
parte desses profissionais.
A
pesquisa de Souza (2009) pode ser interpretada como um complemento dos
anteriores, pois teve como objetivo identificar quais as principais barreiras a
serem enfrentadas, no Brasil, para a adoção das normas contábeis
internacionais, de acordo com profissionais e acadêmicos contábeis. Para estes,
as principais barreiras são a influência da legislação fiscal, a transição de
um sistema baseado em regras para outro baseado em princípios e, portanto, mais
subjetivo e a qualificação da mão de obra. No que se refere a esta última, o
autor observa que o novo contador deverá ter um perfil mais executivo,
participando ativamente das decisões da empresa, avaliando, julgando e decidindo,
devendo também mostrar-se disponível para uma aprendizagem contínua,
adaptando-se a novas situações, aprimorando seus conhecimentos sobre finanças,
economia e buscando compreender o negócio da companhia como um todo.
No
caso do estudo de Lima (2010) não houve uma pesquisa sobre a visão de
determinados profissionais como os outros citados, mas sim uma investigação
sobre se houve aumento na relevância das informações contábeis a partir da
adoção parcial das normas internacionais no Brasil. Averiguou-se, pela análise
de 2.277 observações trimestrais das empresas da carteira teórica do IBOVESPA,
entre 1995 e 2009, que as demonstrações contábeis possuem novas informações que
são incorporadas aos preços, mas não foram verificadas diferenças em seu conteúdo
informacional depois do início da migração para as normas internacionais, no
caso das empresas que possuem incentivos para serem mais informativas.
Em
uma ótica mais gerencial, Boscov (2013) pesquisou sobre as principais mudanças
organizacionais trazidas com a implementação das IFRS nas empresas brasileiras,
realizando um estudo de caso múltiplo com três grandes empresas que estão
passando pelo processo de convergência. Concluiu-se que não foi possível
constatar que a implementação tenha afetado diretamente a cultura das empresas,
mas ela promoveu alterações em suas estruturas, havendo integração das áreas e
melhor conhecimento da organização, o conselho de administração envolveu-se
nessas mudanças, a área contábil ficou mais próxima do investidor e passou a
conduzir consultorias financeiras. Porém, também se percebeu um desgaste no
relacionamento com clientes devido a tantas novas exigências de mensuração e
divulgação.
Rodrigues (2012) objetivou, em sua pesquisa,
avaliar se existe melhoria na qualidade das informações contábeis elaboradas e
divulgadas pelas empresas nos países em processo de convergência aos padrões
internacionais. Como resultados, percebeu-se na qualidade das informações não
há ainda muita contribuição desses padrões, quando analisados sob a ótica das
dimensões: persistência, conservadorismo, gerenciamento de resultados e o Value
Relevance, como na pesquisa.
No
caso de pesquisas internacionais, pode-se citar a de Daske et al. (2008) analisa as conseqüências econômicas de Normas
Internacionais ao redor do mundo. Em média, perceberam que o Mercado de liquidez
aumentou na época da implementação. Também verificaram uma diminuição no custo
de capital das firmas pesquisadas e um aumento na valorização das ações das
empresas. Ainda destacaram a importância dos incentives para as firmas a fim de
aumentar a qualidade dos relatórios financeiros, pois concluíram que os benefícios do Mercado de capital só
ocorrem em países onde as firmas recebem incentivos para serem transparentes e
onde o enforcement é forte.
3
METODOLOGIA
3.1
Características da
Pesquisa e Coleta de Dados
Esta pesquisa se configura como
um replique de estudos do artigo de Carvalho
et al. (2012) intitulado “Normas
Internacionais de Contabilidade no Brasil: Uma Análise das percepções dos
Auditores Independentes.”
Esta pesquisa pretendeu verificar
a percepção dos contadores em relação as suas limitações no que concerne à
adoção das Normas Internacionais.
Para alcançar os objetivos desta
pesquisa, foi empreendido um plano de amostragem não probabilístico do tipo
intencional compreendendo 46 contadores. A coleta de dados deu-se através da
aplicação do questionário de Carvalho et al. (2012) que foram divididos
em duas partes. A primeira, contendo cinco perguntas estruturadas, objetivou
obter dados pessoais do contador, tais como: gênero, idade, tempo de atuação,
Tipo da empresa que trabalha; Se a empresa publica ou não as demonstrações
contábeis. A segunda, contendo oito afirmativas e quatro perguntas, objetivou
coletar dados sobre a percepção do contador sobre a convergência da
contabilidade.
O presente trabalho utilizou-se
do método indutivo de natureza exploratória. Como instrumento de coleta de
dados foi aplicado um questionário.
3.2
Tratamento dos Dados Coletados
Os dados coletados foram tratados
com o auxílio do pacote estatístico Statistical Package for Social Sciences(SPSS)
renomeado para Predictive Analytics Software (PASW) entre os anos de
2009 e 2010.
Nesta pesquisa, utilizou-se a
estatística descritiva cujo objetivo é sumarizar e descrever os aspectos
relevantes num conjunto de dados;
4
ANÁLISES DOS DADOS E RESULTADOS
Considerando-se este contexto de
convergência contábil e de seus impactos no meio profissional, segue-se com a
análise dos dados objetivando alcançar a problemática da nossa pesquisa: a percepção
dos contadores em relação aos seus conhecimentos no que concerne à adoção das
Normas Internacionais.
A partir da coleta de dados dos
46 questionários respondidos, foram analisadas as respostas dos profissionais
contábeis da cidade de João Pessoa.
Tabela 1: Perfil dos
entrevistados e da empresa que atua como contador
Característica
|
Descrição
|
Frequência
|
Percentual (%)
|
Total (%)
|
Gênero do respondente
|
Homem
|
21
|
45,7
|
45,7
|
Mulher
|
25
|
54,3
|
100,0
|
|
Idade do Respondente
|
de 18 a 28 anos
|
14
|
30,4
|
30,4
|
de 29 a 38 anos
|
16
|
34,8
|
65,2
|
|
de 39 a 49 anos
|
10
|
21,7
|
87,0
|
|
Acima de 50 anos
|
6
|
13,0
|
100,0
|
|
Tempo de atuação na profissão de Contador
|
de 1 a 5 anos
|
16
|
34,8
|
36,4
|
de 6 a 10 anos
|
9
|
19,6
|
56,8
|
|
mais de 10 anos
|
19
|
41,3
|
100,0
|
|
Que tipo de empresa Sr.(a) trabalha
|
S/A capital aberto
|
2
|
4,3
|
4,9
|
S/A capital fechado
|
4
|
8,7
|
14,6
|
|
Limitada
|
35
|
76,1
|
100,0
|
|
A empresa que trabalha
|
Publica as demonstrações contábeis
|
9
|
19,6
|
20,9
|
Não publica as demonstrações contábeis
|
34
|
73,9
|
100,0
|
Fonte:
Dados da pesquisa, 2013
Das informações requeridas no
questionário e conforme a Tabela 1, os contadores presentes na pesquisa, em sua
maioria, possuem mais de 40 anos, atuando por mais de 10 anos na área e sua
maioria, sendo assim pouco susceptíveis às mudanças quanto à convergência das
normas internacionais.
A maioria dos entrevistados
trabalha em empresas constituídas sob a forma de sociedade Limitada, que pela
força da Lei 11.638/07, não são obrigadas a publicarem suas demonstrações. De
acordo com a tabela, 73,9% não publicam as demonstrações contábeis. Mesmo que
76% das empresas desta pesquisa sejam limitas aqueles que são constituídos nas
sociedades por ações, a maioria não publica 73,9%.
Tabela 2: Se considera atualizado perante o processo
de convergência contábil às Normas Internacionais
Atualização
|
Frequência
|
Percentual
|
Percentual
acumulado
|
Não me sinto
|
14
|
30,4
|
31,1
|
Razoavelmente atualizado
|
29
|
63,0
|
95,6
|
Sinto-me atualizado
|
2
|
4,3
|
100,0
|
Total de respondentes
|
45
|
97,8
|
|
Não respondeu
|
1
|
2,2
|
|
Total
|
46
|
100,0
|
Fonte:
Dados da pesquisa, 2013
Dos contadores entrevistados 63%
sentem-se razoavelmente atualizados referentes ao conhecimento sobre as
alterações trazidas pelas normas internacionais de contabilidade. É necessário
que os profissionais estejam aptos perante o processo de convergência.
Tabela 3: Importância do papel do Contador perante a
convergência com as Normas Internacionais de Contabilidade
Papel
|
Frequência
|
Percentual
|
Percentual acumulado
|
Pouca
Importância
|
2
|
4,3
|
4,3
|
Razoável
Importância
|
9
|
19,6
|
23,9
|
Muita
Importância
|
35
|
76,1
|
100,0
|
Total
|
46
|
100,0
|
Fonte:
Dados da pesquisa, 2013
O processo de Convergência à
Normas Internacionais é uma das alterações mais significativas e primordiais
para aqueles que elaboram as demonstrações contábeis e consequentemente para
seus usuários, os que necessitam das mesmas para a tomada de decisão. Podemos
notar mais de 70% dos contadores afirmam que tal acontecimento é de extrema
importância no âmbito contábil.
Tabela 4: As
alterações contábeis terão influência relevante apenas para as grandes empresas
e sociedades anônimas?
Alterações
|
Frequência
|
Percentual
|
Percentual acumulado
|
Discordo totalmente
|
15
|
32,6
|
32,6
|
Concordo em parte
|
30
|
65,2
|
97,8
|
Concordo totalmente
|
1
|
2,2
|
100,0
|
Total
|
46
|
100,0
|
Fonte:
Dados da pesquisa, 2013
Assim como as mudanças que
ocorrerão nas normas contábeis brasileiras para as internacionais afetaram
todas as empresas sejam elas de pequeno, médio e grande porte, maioria dos
entrevistados concordam em parte, que as alterações terão influência relevante apenas
para as empresas de grande porte e sociedades anônimas, demonstrando desta
forma que os mesmos possuem conhecimento sobre a aplicabilidade e alcance dos
reflexos ocasionados pelas alterações nas normas contábeis.
Tabela 5: O processo de convergência às Normas
Internacionais afetou sua rotina profissional de Contador
Convergência
|
Frequência
|
Percentual
|
Percentual acumulado
|
Não afetou a minha rotina
|
12
|
26,1
|
26,7
|
Manteve-se inalterada
|
19
|
41,3
|
68,9
|
Alterou minha rotina
|
14
|
30,4
|
100,0
|
Total de respondentes
|
45
|
97,8
|
|
Não respondeu
|
1
|
2,2
|
|
Total
|
46
|
100,0
|
Fonte:
Dados da pesquisa, 2013
Pode-se notar que é quase estável
a rotinas dos profissionais quanto às alterações trazidas pelo processo de
convergência. Também é reflexo do contador está atualizado ou não sobre as
normas corroborando com os demais dados da pesquisa.
Tabela 6: Se considera apto a tomar decisões relativas
à necessidade de realização da imparidade nos ativos
Imparidade
|
Frequência
|
Percentual
|
Percentual acumulado
|
Não estou apto
|
27
|
58,7
|
60,0
|
Estou apto
|
18
|
39,1
|
100,0
|
Total de respondentes
|
45
|
97,8
|
|
Não respondeu
|
1
|
2,2
|
|
Total
|
46
|
100,0
|
Fonte:
Dados da pesquisa, 2013
A imparidade de ativos e uma das
alterações trazidas pela convergência que se refere ao valor recuperável do
mesmo. É um dos assuntos fundamentais e que requerem conhecimento por parte do
profissional. Logo se pode notar que 58,7% dos contadores não estão aptos a
realizarem a identificação da paridade em um ativo.
Tabela 7: Se considera apto a tomar decisões relativas
à taxa para ajuste ao valor presente de ativos e passivos
Valor presente
|
Frequência
|
Percentual
|
Percentual acumulado
|
Não estou apto
|
27
|
58,7
|
60,0
|
Estou apto
|
18
|
39,1
|
100,0
|
Total de respondentes
|
45
|
97,8
|
|
Não respondeu
|
1
|
2,2
|
|
Total
|
46
|
100,0
|
Fonte:
Dados da pesquisa, 2013
O ajuste a valor presente de
ativos e passivos é uma das alterações trazidas pela Lei 11.638/07 diz respeito
ao valor de fluxos de caixa futuros, trazidos a valor presente, ou seja, buscando uma maior aproximação a este valor
(valor justo). O registro a valor de custo é um exemplo. Logo, 58,7% não se
consideram apto a tomar decisões referentes à taxa para ajuste a valor presente,
ficando tais profissionais incapacitados de tomarem decisões sobre a mensuração
dos itens patrimoniais.
Tabela 8: Se considera apto a tomar decisões relativas
à determinação da vida útil de imobilizados e intangíveis
Imobilizado
|
Frequência
|
Percentual
|
Percentual acumulado
|
Não Estou apto
|
15
|
32,6
|
32,6
|
Estou apto
|
31
|
67,4
|
100,0
|
Total
|
46
|
100,0
|
Fonte:
Dados da pesquisa, 2013.
Mais da metade dos profissionais
contábeis declaram estarem preparados a tomarem decisões referentes à
determinação da vida útil de imobilizados e intangíveis, reforçando assim os
dados da tabela anterior.
Tabela 9: Se consideram aptos a tomar decisões relativas
aos demais itens constantes nas Normas
Normas
|
Frequência
|
Percentual
|
Percentual acumulado
|
Não estou apto
|
19
|
41,3
|
41,3
|
Estou apto
|
27
|
58,7
|
100,0
|
Total
|
46
|
100,0
|
Fonte:
Dados da pesquisa, 2013
Mais da metade declara-se apta a
tomarem decisões acerca das demais normas presentes no processo de
convergência. É um pouco discrepante tal afirmação, uma vez que nos demais
dados, pode-se notar que os mesmos não se sentem aptos a tomarem decisões
relativas à taxa para ajuste ao valor presente de ativos e passivos, concordam
em parte (a maioria) sobre as alterações trazidas pelo processo irão afetar do
modo relevante apenas as empresas de grande porte. Sabe-se que as normas também
são aplicáveis as PME’S, alcançando-as também.
Tabela 10: O processo de convergência das normas
internacionais estimulou sua motivação em atualizar-se como profissional
Motivação
|
Frequência
|
Percentual
|
Percentual acumulado
|
Estimulou pouco minha motivação
|
10
|
21,7
|
21,7
|
manteve-se igual
|
14
|
30,4
|
52,2
|
Estimulou muito minha motivação
|
22
|
47,8
|
100,0
|
Total
|
46
|
100,0
|
Fonte:
Dados da pesquisa, 2013.
Assim como às mudanças induzem os
profissionais ao aperfeiçoamento, a convergência de acordo com os entrevistados
estimulou os mesmo quanto à atualização do conhecimento deles. 47,8% declararam
que o processo estimulou a motivação em manter-se atualizado sobre as mudanças
pertinentes.
Tabela 11: O processo de convergência das normas
internacionais, como um fator estimulante ou desestimulante para o contador
Estimulo
|
Frequência
|
Percentual
|
Percentual acumulado
|
Desestimulante
|
7
|
15,2
|
15,2
|
Manteve-se igual
|
20
|
43,5
|
58,7
|
Muito estimulante
|
19
|
41,3
|
100,0
|
Total
|
46
|
100,0
|
Fonte:
Dados da pesquisa, 2013.
Mesmo que mais da metade dos
entrevistados declarem que o processo de convergência estimulou os mesmos a
atualização dos conhecimentos profissionais, é quase igual os que se sentem
estimulados ou não sentiram motivação para o exercício da sua profissão.
Tabela 12: O processo de convergência proporcionou
aumentou do número de situações de conflito entre empresários e contadores
Conflito
|
Frequência
|
Percentual
|
Percentual acumulado
|
Não aumentou o número de
situações de conflito
|
5
|
10,9
|
11,1
|
Manteve-se igual
|
20
|
43,5
|
55,6
|
Aumentou o número de situações de
conflito
|
20
|
43,5
|
100,0
|
Total de respondentes
|
45
|
97,8
|
|
Não respondeu
|
1
|
2,2
|
|
Total
|
46
|
100,0
|
Fonte:
Dados da pesquisa, 2013
É unânime entre os entrevistados
os que declaram que houve/manteve-se igual a situação de conflito entre
empresários e os profissionais contábeis. Podem-se reforçar os mesmos não se
sentem em sua maioria apta quanto aos conhecimentos acerca do processo de
convergência.
Tabela 13: O processo de convergência às Normas
Internacionais de Contabilidade promoverá uma maior valorização para o
profissional contábil brasileiro
Valorização
|
Frequência
|
Percentual
|
Percentual acumulado
|
Discordo totalmente
|
2
|
4,3
|
4,4
|
Concordo em parte
|
27
|
58,7
|
64,4
|
Concordo totalmente
|
16
|
34,8
|
100,0
|
Total de respondentes
|
45
|
97,8
|
|
Não respondeu
|
1
|
2,2
|
|
Total
|
46
|
100,0
|
Fonte:
Dados da pesquisa, 2013
O processo de convergência é
atualmente um dos assuntos mais discutidos no âmbito da formação de um
profissional contábil, principalmente aos presentes e futuros contadores.
Observa-se que 93,5% consideram que tal acontecimento promoverá uma maior
valorização da profissão, destes 34,8% acreditam que realmente ocorrerá esta
valorização.
5
CONCLUSÕES
Este trabalho teve como objetivo
analisar as percepções dos contadores sobre seus conhecimentos às mudanças
contábeis relacionadas às Normas Internacionais de Contabilidade.
Em relação ao perfil, a maioria
dos entrevistados eram mulheres, mas foi uma porcentagem bem próxima à do sexo
masculino. Possuem mais de 40 anos,
atuando por mais de 10 anos na área, sendo assim pouco susceptíveis às mudanças
quanto à convergência das normas internacionais.
Dos contadores entrevistados, 63%
sentem-se razoavelmente atualizados referentes ao conhecimento sobre as alterações
trazidas pelas normas. A maioria afirmou que tal acontecimento é de extrema
importância no âmbito contábil e concordam, em parte, que as alterações terão influência
relevante apenas para as empresas de grande porte e sociedades anônimas. Em
seus ambientes de trabalho, a maioria não percebeu mudanças nas rotinas com as
alterações trazidas pelo processo de convergência.
Mais da metade dos contadores pesquisados
não estão aptos a realizarem a identificação da paridade em um ativo, não se consideram aptos a tomar decisões
referentes à taxa para ajuste a valor presente ou decisões referentes à
determinação da vida útil de imobilizados e intangíveis, que são alterações
trazidas pela convergência. Em
contrapartida, mais da metade também se declarou apta a tomar decisões acerca
das demais normas presentes no processo de convergência.
O processo de convergência
estimulou mais da metade a sua atualização dos conhecimentos profissionais, é
quase igual os que não se sentem estimulados ou não sentiram motivação para o
exercício da sua profissão.
É unânime entre os entrevistados
os que declaram que houve/manteve-se igual a situação de conflito entre
empresários e os profissionais contábeis. Podem-se reforçar os mesmos não se
sentem em sua maioria apta quanto aos conhecimentos acerca do processo de
convergência.
Quase todos (93,5%) consideraram
que o processo promoverá uma maior valorização da profissão, mas somente destes
34,8% acreditam que realmente ocorrerá esta valorização.
Pode-se então concluir que os
profissionais percebem a importância das Normas Internacionais, mas ainda há
muitos obstáculos a enfrentar em relação ao entendimento e aplicabilidade das
mesmas, como uma maior instrução e menor falta de informação dos contadores
para elas.
6
REFERÊNCIAS
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