Caros leitores, na postagem de hoje vamos tratar da Teoria
das Restrições, popularmente conhecida como TOC.
“Restrição é
qualquer coisa que o impeça de conseguir mais daquilo que você quer. Todo
indivíduo e toda organização enfrenta pelo menos uma restrição, então não é
difícil encontrar exemplos dela. Você talvez não tenha tempo suficiente para
estudar muito para todas as matérias e para sair com seus amigos nos fins de
semana, então, o tempo é sua restrição.” (GARRISON, 2013, p.11)
Segundo Garrison (2013, p. 11) “a teoria das restrições
(TOC) baseia-se na ideia de que gerenciar a restrição de maneira eficaz é a
chave do sucesso.” A Teoria das Restrições (Theory of Constraints), desenvolvida por Goldratt e Cox, é também conhecida por GDR
(Gerenciamento das Restrições), traduziu-se em uma filosofia de manufatura
denominada OPT – Optimized
Manufacturing Technology (Tecnologia da Produção Otimizada), que é considerada
uma variante da filosofia JIT. (PADOVEZE, 2010)
“Segundo Goldratt, o que determina a resistência, “a forca”
de uma corrente (um processo fabril, por exemplo), é seu elo fraco. Só existe
um elo fraco numa corrente. Este elo fraco restringe o melhor desempenho de
toda a corrente (de todo o processo). Essa restrição ou gargalo é que deve ser
imediatamente trabalhada. Eliminada a primeira restrição, outras restrições,
outros elos fracos da corrente, irão aparecer, e assim sucessivamente, num contínuo
aperfeiçoamento e fortalecimento do processo produtivo e empresarial.”
(PADOVEZE, 2010, p. 628)
Para colocar a teoria em prática, segundo Goldratt (apud
PADOVEZE, 2010), cinco passos são necessários:
1.identificar a restrição do sistema, que é justamente o
elo mais fraco;
2.explorar a restrição, ou seja, eliminar as perdas e
aumentar o ganho;
3.subordinar tudo à decisão anterior;
4.ultrapassar a restrição;
5.voltar ao primeiro passo e identificar a nova restrição.
Exemplo do uso da
Teoria das restrições
Garrison (2013, p.11-12) traz o seguinte exemplo de TOC, que
facilita o entendimento dessa ferramenta.
Por exemplo, longos períodos de espera por cirurgias são um problema crônico no serviço
nacional de saúde (NHS, National
Health Service), * o provedor financiado pelo governo de serviços de saúde
no Reino Unido. O diagrama no Quadro 1 ilustra uma versão simplificada dos
passos dados por um paciente de cirurgia. O número de pacientes que podem ser
atendidos em cada etapa em um dia é indicado no quadro. Por exemplo, podem ser
feitas 100 consultas por dia para visitas de pacientes externos indicados por clínicos
gerais.
A restrição, ou gargalo, no sistema é determinada pela
etapa com menor capacidade – nesse caso, a cirurgia em si. O número total de
pacientes atendidos por todo o sistema não pode exceder 15 por dia – número máximo
de pacientes que podem ser operados. Não importa quanto os gerentes, médicos e
enfermeiras tentem melhorar a taxa de processamento em outras etapas do
sistema, eles nunca terão êxito em diminuir as listas de espera até que a
capacidade de cirurgias seja ampliada. Na verdade, melhorias em qualquer outra
etapa do sistema – em especial antes da restrição – provavelmente resultarão em
esperas ainda mais longas e pacientes e provedores de serviços de saúde mais
frustrados. Assim, para serem eficazes, os esforços de melhoria precisam se
concentrar na restrição. Um processo como esse de atender pacientes de cirurgia
é como uma cadeia. Se quiser aumentar a força da cadeia, qual é a maneira
mais eficaz de fazê-lo? Você deve limitar seus esforços em fortalecer o elo
mais forte, todos os elos ou o elo mais fraco? Claramente, dedicar seus esforços
no elo mais fraco propiciará o maior benefício.
O procedimento a ser seguido para fortalecer a cadeia é
claro. Em primeiro lugar, identifique o elo mais fraco, que é a restrição. No
caso do NHS, a restrição está no volume de cirurgias. Em segundo lugar, não
exija mais do sistema do que o elo mais fraco pode suportar – se fizer isso, a
cadeia quebrará. No caso do NHS, mais indicações do que (o bloco cirúrgico)
consegue acomodar leva a listas de espera inaceitavelmente longas. Em terceiro
lugar, concentre os esforços de melhoria no fortalecimento do elo mais fraco.
No caso do NHS, isso significa encontrar maneiras de aumentar o número de cirurgias
que podem ser realizadas por dia. Em quarto lugar, se os esforços de melhorias
forem bem-sucedidos, o elo mais fraco melhorará até deixar de ser o mais
fraco. Nesse momento, o novo elo mais fraco (ou seja, a nova restrição) precisa
ser identificado, e os esforços de melhoria devem ser transferidos para esse
elo. Esse simples processo sequencial fornece uma potente estratégia para a otimização
de processos de negócios.
*N. de R.T.:
No Brasil, temos o SUS – Sistema Único de Saúde.
Quadro 1 - Atendimento a pacientes de cirurgia em um hospital do NHS (simplificado). *
Fonte: Garrison, 2013, p.12
Em resumo, a primeira restrição encontrada
no exemplo foi a quantidade de cirurgias que o sistema podia realizar por dia,
ocasionando listas de esperas enormes, a solução para tal restrição é aumentar
a quantidade de cirurgias por dia, sem ocasionar sobrecarga nas salas de
cirurgia. Com isso, o elo mais fraco será fortalecido, dando espaço para uma
nova restrição, onde deve-se buscar outra solução.
Através do Artigo “A aplicação da Teoria das Restrições (TOC) e da Simulação na gestão da capacidadede atendimento em hospital de emergência.” , pode-se analisar um exemplo prático de aplicação da teoria do TOC. O objetivo deste trabalho é a
apresentação de uma abordagem inovadora de gestão da capacidade de atendimento
em hospital de emergência, aplicando os conceitos da teoria das restrições na
identificação de gargalos no fluxo de tratamento e da simulação computacional para
analisar as melhores alternativas de acesso e utilização de recursos humanos
disponíveis, no sentido de agilizar o atendimento a pacientes e reduzir as
filas de espera.
Referências
GARRISON, R. H.; NOREEN, E. W.; BREWER,
P. C. Contabilidade Gerencial. 14. ed. Porto Alegre: AMGH,
2013.
PADOVEZE, C. Contabilidade gerencial: um enfoque em
sistema de informação contábil. 7.ed. Atlas, 2010.
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